27/08/2025 | Sustentabilidade

Transição ecológica pode adicionar até US$ 430 bilhões ao PIB, aponta debate na Rio Climate Action Week

A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma resposta às mudanças climáticas, mas também uma oportunidade econômica para o Brasil.

Dados apresentados no evento Finance Hub, nesta terça-feira (26) durante a Rio Climate Action Week, mostram que a transformação ecológica pode dobrar o crescimento do país até 2030, adicionando entre US$ 230 bilhões e US$ 430 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB).

O estudo foi elaborado pelo programa Parcerias para Acelerar Transições Climáticas (UK PACT), iniciativa do governo britânico que apoia projetos de cooperação internacional em clima. Segundo o levantamento, o avanço brasileiro pode vir da diversificação da economia em sete setores estratégicos:

  1. transição energética;
  2. indústria e mobilidade;
  3. bioeconomia;
  4. sistemas agroalimentares sustentáveis;
  5. economia circular;
  6. nova infraestrutura verde e adaptação; e
  7. mercados de carbono. 

Na abertura do evento no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, Ricardo Mussa, chair da Sustainable Business COP (SB COP), apresentou o trabalho da iniciativa a missão do grupo.

Liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a SB COP tem como objetivo garantir um papel estruturado e influente do setor privado nas negociações climáticas globais, a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém (PA).

Em seguida, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, destacou a importância de iniciativas nacionais alinhadas a essa agenda internacional e apresentou o ECO Invest.

Criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, o programa oferece instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio e mecanismos financeiros inovadores. 

Tatiana também explicou a criação do Círculo de Ministros de Finanças da COP30, iniciativa que atende ao chamado feito na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP29), em Baku, de ampliar o financiamento climático para países em desenvolvimento. O objetivo é reunir fontes públicas e privadas para atingir a meta de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, em apoio à agenda global de mitigação e adaptação.

O encontro também contou com Manuel Reyes-Retana, diretor da International Finance Corporation, braço do Banco Mundial, para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, que ressaltou a importância de direcionar investimentos para a agenda de descarbonização das nações em desenvolvimento.

Os painéis do Finance Hub reuniram nomes como Veronica Jones, da International Finance Corporation; Patricia Ellen, da Systemiq e AYA Institute; Maria Netto, do Nature Investment Lab; Jens Nielsen, da World Climate Foundation; Anthony Hobley, do Enabling Insurance Breakthrough/Howden Group; Juan Parodi, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e IDB Invest; Leonardo Fleck, do Banco Santander; e Marina Albuquerque, do BTG Pactual. 

Os participantes defenderam mecanismos financeiros inovadores, soluções baseadas na natureza e o fortalecimento do papel dos bancos de desenvolvimento para expandir carteiras de projetos verdes.

O encerramento trouxe uma conversa entre Luciana Ribeiro, do Grupo de Trabalho de Finanças da SB COP; Mahmoud Mohieldin, enviado especial das Nações Unidas para o Financiamento da Agenda 2030; e Jamie Fergusson, da International Finance Corporation. 

O diálogo no Finance Hub reforçou que a transição só ganhará velocidade com cooperação internacional e parcerias capazes de transformar compromissos em resultados concretos rumo à COP30. Essa articulação é essencial para que o potencial de até US$ 430 bilhões para a economia brasileira, apontado pelo estudo, se concretize. 

 

Da Agência de Notícias da Indústria